
Hoje eu quero conversar com vocês sobre uma reflexão importante a respeito do que vou chamar de “sofrimento sem-nome”.
Quando eu estava no último ano da faculdade, eu passei um período muito complicado na minha vida, que envolveu diversas rupturas, sentimentos novos e desconhecidos e, claro, ter que aprender a lidar com todos os desafios que estavam começando pra mim através da vida como psicóloga. Eu estava começando a realizar os atendimentos clínicos do estágio supervisionado. Chorei muitas vezes do nada, e sem motivo aparente, no caminho para a faculdade. Vivia sempre em constante angústia.
Um dia, me perguntaram se eu achava que estava com depressão, e eu disse que não sabia. Quando levei isso para terapia, minha psicóloga na época me disse que não importava se era ou não depressão, mas que eu mesma precisava nomear o meu sofrimento, de acordo com o que fazia sentido para mim naquele momento.
Até os dias atuais, quando me deparo com algum sofrimento difícil, não ouso chamá-lo de depressão, ansiedade, bipolaridade, ou outros nomes tão comuns que ouvimos falar por aí. Gosto muito do que Melanie Klein traz, sobre as “posições”. Posição depressiva, posição esquizoparanóide… Posição “sofrimento sem-nome”. Como algo que ESTÁ, mas não É. Isso nos dá a ideia de temporalidade, de que tem algo ocorrendo apenas naquele momento, mas que não significa que será sempre dessa forma.
Às vezes, podemos sentir várias coisas ao mesmo tempo: tristeza, raiva, desanimo, medo, desespero, estresse, cansaço… E qual seria a necessidade de fazermos o checklist no DSM-V (Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais) ou no CID? Simplesmente, podemos nomear da forma como fizer sentido para nós aquele sofrimento. Ou, como eu prefiro, chamá-lo de “sofrimento sem-nome”, porque isso não faz com que ele seja menos real, ou tenha menos importância. É um sofrimento, e quem nos diz o tamanho ou intensidade dele, é quem o está sentindo.
Por isso, normalmente, muitas pessoas vão me ouvir dizer: o que é isso que você chama de depressão/ansiedade/pânico…? Me conta como acontece com você, com as suas palavras. O que me interessa mais é saber como vamos desenvolver recursos para lidar com o sofrimento, e não de qual nome iremos chamá-lo.
Nem sempre, saúde mental é sobre diagnosticar e colocar pessoas em caixinhas. É isso que eu defendo.
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Nayara Costa do Nascimento
Psicóloga – CRP – 01/20216