
Eu sei, a gente se identifica com muitas coisas que a mídia nos apresenta, mas se identificar nem sempre significa que somos integralmente aquilo que está sendo apresentado. As coisas são sempre muito mais amplas do que parecem.
Muito me preocupa a velocidade com que as informações circulam principalmente nas redes sociais, e muitos que me acompanham já sabem que eu sou contra a patologização das coisas, ou seja, essa mania de ficar dando diagnóstico a torto e a direito. Um diagnóstico não é algo que se constrói apenas seguindo um checklist.
Eu gostei de Barbie, eu achei sim que é um bom filme e traz muitas críticas a respeito de muitas coisas que são cotidianas e inclusive internalizadas, como a questão do patriarcado. Podia ter falado mais? Podia, mas dentro das circunstâncias do filme, foi muito relevante.
E sim, eu também entendi que essa cena da Barbie Depressiva também é uma crítica a lógica de consumo imediato que vivemos, mas o que me incomodou foi justamente as características que foram apresentadas ali como “depressivas”. Na mesma hora pensei que isso não daria certo e ao abrir minha redes sociais, pipocava: “Me identifiquei com a Barbie Depressiva! (…) Essa cena é sobre mim! Etc”. Milhares de memes, pessoas compartilhando trechos da cena que geram identificação apenas pelo prazer de viralizar, como foi a intenção do próprio filme mostrar no marketing em cima da Barbie Depressiva.
E tudo bem, pode se identificar com a cena e com várias outras coisas mostradas ali, mas se identificar não significa que é a Barbie Depressiva, mesmo que se sinta dessa forma. Primeiramente, porque um diagnóstico não define tudo o que você é – e aqui estamos falando de diagnósticos sérios, feitos de forma rigorosa por profissionais de saúde mental. Segundo, porque você pode sim se sentir triste e assistir trezentas mil vezes um filme que você goste e que te traga algum tipo de conforto nesses momentos. Ou fazer qualquer outra coisa que você sinta vontade quando estiver se sentindo assim. Todos temos dias difíceis e iremos usar de recursos que dispomos para vivenciar aquela situação difícil e isso não nos torna depressivos. Precisamos de tempo para processar as coisas.
Depressão é algo sério e exige um diagnóstico complexo. Há muitos fatores que precisam ser avaliados.
Caso você se sinta frequentemente triste, sem motivação ou energia para realizar suas atividades diárias, pode ser que não seja necessariamente depressão, porque, mais uma vez, as coisas são mais amplas e complexas do que parecem. Mas antes de qualquer coisa é necessário que você converse com um profissional para te ajudar a encontrar formas de enfrentamento dessa situação ruim. Às vezes um tratamento pode ser muito mais sobre aprender a lidar do que sobre se encaixar em algum lugar.
Eu não faço diagnósticos, mas posso te ajudar a enfrentar esses dias difíceis de outras formas, e claro, sempre com muito respeito e acolhimento. Posso te ajudar a ser uma Barbie Comum, que lida com toda a complexidade da vida.
Entre em contato comigo e tire suas dúvidas.
Nayara Costa do Nascimento
Psicóloga – CRP 01/20216